O tempo não vai parar para quem hesita
Hoje ouvi novamente aquela canção de Geraldo Vandré — “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” e Ela não me soou como uma simples música. Para mim, é um lembrete. Um manifesto. E, mais do que tudo, um espelho.
Carrego comigo a certeza de que há um Criador — mas não um interventor. Ele nos deu a razão, e com ela nos cabe a tarefa de moldar o mundo. Ouvi os versos e pensei: “Caminhando e cantando e seguindo a canção...” — parece um retrato da humanidade quando ela decide se erguer pelo que é justo, sem esperar bênçãos do alto ou ordens do altar.
O que me comove é a clareza moral que emana dessa letra. Não há súplica. Não há espera. Há apenas a firmeza de quem sabe que o tempo não vai parar para quem hesita. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” — não há citação que diga melhor o que acredito. Deus não moverá os fios da realidade para nos livrar da tirania. Isso é tarefa nossa. Somos, afinal, seres racionais: temos olhos para ver a injustiça, mãos para transformá-la, e uma consciência que pulsa como bússola.
Às vezes me perguntam onde encontro fé. Confesso que não sei responder com exatidão. Mas hoje, ao ouvir essa canção, me dei conta: tenho fé nas escolhas humanas quando guiadas pela razão. Tenho fé na lucidez que floresce mesmo sob opressão.
E talvez seja isso o mais bonito — que mesmo em tempos sombrios, ainda há quem marche com flores nas mãos.