Se os que escreveram a Bíblia eram errantes, por que ela seria inerrante?

Essa é uma pergunta profunda, e como deísta, eu a encaro com honestidade e reflexão.

A Bíblia foi escrita por seres humanos — pessoas marcadas por sua época, cultura, limitações e visões de mundo. Mesmo que tenham buscado sinceramente traduzir sua experiência espiritual, elas estavam sujeitas a erros, como qualquer um de nós. Por isso, me parece natural pensar que um texto produzido por mãos humanas não pode ser perfeitamente inerrante.

A ideia de inerrância parte da crença de que Deus inspirou cada palavra do texto de forma infalível, mas como deísta, não compartilho dessa visão. Creio que Deus se comunica através da razão, da consciência, da ordem natural — e não por ditado direto de livros. Por isso, vejo a Bíblia não como palavra literal de Deus, mas como um esforço humano de interpretar o divino, que pode conter sabedoria, mas também imperfeições.

A beleza da Bíblia, para mim, está justamente nesse contraste: entre o sagrado que ela busca revelar e o humano que ela inevitavelmente carrega. E é nesse espaço, entre a dúvida e a inspiração, que nasce a possibilidade mais autêntica de fé — uma fé que pensa, que questiona, que cresce.

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