Tentativa de um genocídio com base em uma promessa



Como poderia aceitar a ideia de que a violência injustificada possa ser atribuída à vontade divina? No episódio de Josué 7, vejo um povo — Israel — marchando contra a cidade de Ai, que até então não havia feito qualquer provocação ou ameaça. E, ainda assim, foi atacada.

Isso me inquieta profundamente. Que justiça há em invadir uma cidade pacífica, apenas porque ela está no caminho de uma promessa? Que moralidade há em justificar um genocídio com base em uma suposta missão sagrada, quando os alvos sequer levantaram espada?

Se o Criador nos deu a razão, foi para que discerníssemos o certo do errado — e atacar um povo inocente, sem provocação, fere esse princípio. A narrativa bíblica tenta justificar a derrota de Israel como punição por um pecado interno, mas ignora o fato mais gritante: Ai não era inimiga, era apenas vizinha.

Não vejo nisso a mão de um Deus justo, mas sim a mão de homens interpretando o divino conforme seus próprios interesses. A verdadeira espiritualidade, para mim, não se manifesta em conquistas territoriais, mas em respeito à vida, à liberdade e à dignidade de todos os povos — inclusive os que não compartilham da mesma fé.

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