Desigrejado não, Deísta

Não sou desigrejado. Sou deísta. Minha busca espiritual é sobre uma compreensão mais racional e livre do divino. Hoje, mais do que antes, as religiões organizadas me parecem limitadas por dogmas e tradições que nem sempre fazem sentido diante da razão e da observação do mundo natural.  

Para mim, Deus existe, mas não interfere diretamente na vida humana através de milagres ou escrituras sagradas. Estou aprendendo a ver Sua obra na perfeição das leis naturais, na grandiosidade do universo e na capacidade humana de raciocinar. Durante a minha vida, fui agraciado muitas e muitas vezes por pessoas, cujas as ações de generosidade foram reflexos de valores sociais e emocionais regidos por um amor abnegado pela vida humana. A generosidade delas, certamente, tem por motivo a capacidade de se colocar no lugar do outro e sentir sua dor ou necessidade. E sou imensamente grato por tudo que fizeram por mim.

O conceito de generosidade que adoto, então, posso interpretar como uma resposta humana à grandiosidade da própria criação, não necessariamente porque há intervenção divina direta, mas porque a ordem e a abundância do mundo inspiram a ética e a solidariedade.

Não sinto que preciso de uma instituição religiosa para validar essa crença, pois minha espiritualidade se baseia na contemplação e no conhecimento.  

Aprecio a liberdade de pensar por mim mesmo, sem a imposição de regras rígidas ou rituais predefinidos. Minha moralidade não é exercida por forças coercitivas, mas sim guiada por princípios internos e pela reflexão consciente sobre o impacto das minhas ações no mundo ao meu redor. Para mim, a verdadeira ética nasce da compreensão e do compromisso com valores que transcendem a mera obediência a regras impostas.

Minha espiritualidade está na harmonia entre razão e crença, na ciência e na filosofia, na busca por um significado maior sem abrir mão do pensamento crítico.  

Portanto, não sou alguém sem fé, apenas sigo um caminho diferente. Minha convicção não vem da tradição, mas da reflexão. Sou deísta porque acredito que a maior revelação divina está na própria existência e na capacidade humana de compreender o mundo com liberdade e inteligência.