Deus, Razão e Liberdade: Meu Novo Caminho


Por anos, caminhei por corredores de igrejas e congregações, senti o peso da responsabilidade em minhas mãos e encontrei consolo na fé que pregava. Guiava meus irmãos, transmitia a Mensagem, e buscava respostas na Bíblia que por tanto tempo considerei como fonte principal da revelação, feita diretamente ao homem. Mas algo dentro de mim começou a mudar. Não foi um momento súbito, um rompante de dúvida; foi um processo lento, como a maré que recua, revelando novas formas na areia.

Passei a perceber que minha busca por Deus estava além das páginas da Bíblia ou dos rituais que por tanto tempo pratiquei. Comecei a questionar a ideia de um Criador que intervém diretamente, que responde preces e dita cada passo do caminho. Passei a admirar as estrelas no céu, cada onda que se quebra na beira-mar, cada lei natural que rege o universo, isso me fez enxergar um Deus que não é um regente arbitrário, mas uma Consciência Suprema, o princípio criador que pôs tudo em movimento e nos deu razão para compreender, explorar e sentir.

Hoje, reconheço que minha fé não se perdeu, apenas se transformou. Meu Deus não é o imoral descrito como tirano, que em nome de uma promessa, estraçalha e tira a vida de povos, inclusive de crianças cananeias inocentes ainda no ventre de suas mães. Isso é uma ignomínia contra a Inteligência Suprema do Eterno, cuja consciência é a apresentada como limitada, mesquinha ou pouco generosa pelas narrativas dos antigos, como se ele não tivesse nenhuma outra escolha que não fosse a de destruir aqueles distintos do povo supostamente eleito por ele. Isso é um ultraje contra a Inteligência Suprema.

Muitas outras atrocidades, insultos e desonra que considero extrema contra a moral do Eterno são apresentadas em narrativas antigas. 

Mas o Deus em que acredito não é cruel a ponto de se contrapor a sua Sublime Virtude. Atribuir a ele a criação de uma câmara de tortura infernal para gozar da satisfação de ver o apodrecimento dos inimigos, a quem ele mesmo mandou amar... Não consigo absorver de modo racional a não ser quando era um religioso voraz que se alimentava das fantasias dos mitos.

Meu Deus não dita destinos ou interfere na história dos homens a quem dotou de razão para adultecerem e serem responsáveis por suas próprias jornadas. O Eterno é a força que deu origem a tudo, e agora, cabe a nós, com nossa razão e nossa capacidade de amar, construirmos nossas próprias vidas e buscarmos significado por nós mesmos.

Não renego meu passado como ministro religioso, nem esqueço as lições que aprendi. Apenas deixo para trás as correntes da superstição e da irracionalidade religiosa, e trilho um novo caminho—um caminho guiado pela razão, reflexão e busca sincera pela verdade, no qual Deus é reconhecido não como um ser controlador, mas como a origem de tudo que há.

Minha fé agora é guiada pela razão e pela contemplação da ordem do universo. Vejo Deus não como um ser que intervém, mas como o princípio criador que estabeleceu as leis naturais e permitiu que tudo seguisse seu curso. 

O conhecimento e a ciência me mostram a grandiosidade da existência, e cada descoberta reforça a harmonia presente no cosmos. Livre dos dogmas, como do medo e da culpa, encontro significado na busca contínua pelo entendimento. Sigo adiante sem temor, apenas com gratidão a Deus que se revela na própria natureza, na vastidão do universo e na liberdade do pensamento.

Postagens mais visitadas