Você Crer em um Salvador pessoal?
Como deísta, eu creio em um Deus único, supremo, que criou o universo e nos dotou de razão, consciência e liberdade. Acredito que esse Deus nos chama para buscarmos a verdade e o bem por meio da nossa própria experiência, reflexão e conexão com a natureza.
Quando me perguntam se eu creio em Jesus Cristo como Salvador pessoal, eu respondo com respeito à fé cristã e à figura de Jesus, que reconheço como um mestre admirável de ética, amor ao próximo e compaixão. Suas palavras e ações inspiraram gerações e continuam a tocar milhões de pessoas.
No entanto, como deísta, não acredito em revelações divinas específicas nem vejo Jesus como uma encarnação de Deus ou como um salvador que veio redimir os pecados da humanidade. Para mim, a salvação não depende de mediação divina, mas da nossa própria conduta, responsabilidade moral e busca sincera pela verdade.
A salvação oferecida por Jesus refere-se à desalienação no sentido mais profundo da palavra: um convite à consciência plena, à liberdade interior e à reconquista da dignidade humana diante das estruturas que oprimem, manipulam ou distorcem o ser. Jesus, entendido como um mestre de sabedoria e ética, propõe a superação da alienação existencial — aquela que nos desconecta de nós mesmos, dos outros e do sagrado enquanto experiência transcendente, e não como imposição dogmática.
Nesse contexto, sua mensagem não seria uma imposição de fé, mas uma convocação à autenticidade, à coragem moral e à transformação pessoal. Ele denuncia hipocrisias religiosas, condena a injustiça social e insiste na centralidade do amor e da compaixão — não como mandamentos externos, mas como potências interiores que libertam.
Assim, a "salvação" que Jesus oferece pode ser lida como a possibilidade de nos descolonizarmos espiritualmente. Isso sugere libertar a mente e o espírito das imposições, narrativas e estruturas religiosas, culturais ou ideológicas que foram herdadas — muitas vezes sem questionamento. É nos libertarmos de medos, culpas infundadas e alienações ideológicas, abrindo espaço para uma vida mais lúcida, ética e conectada à verdade — algo que ressoa profundamente com a visão deísta centrada na razão, na consciência e na autonomia moral.
Jesus, assim como outros grandes pensadores e líderes espirituais ao longo da história, é uma fonte de ensinamento e inspiração. Minha salvação está centrada em um Deus único e universal, cuja presença libertadora se revela não por milagres, mas pela ordem, beleza e racionalidade do cosmos.